Técnica de Valor Agregado (EVM - Earned Value Management)#

A técnica de Valor Agregado (Earned Value Management - EVM) é uma metodologia amplamente utilizada para o acompanhamento e controle de projetos. O objetivo é integrar escopo, cronograma e custo, oferecendo uma visão clara da performance e da saúde do projeto.

A EVM fornece métricas que ajudam a responder questões fundamentais, como:

  • O projeto está dentro do cronograma?

  • O projeto está dentro do orçamento?

  • Qual é a previsão de desempenho futuro?

Neste notebook, vamos explorar a aplicação prática dessa técnica, calculando as principais métricas a partir de um conjunto de dados hipotético.

Estrutura do Notebook#

  1. Definições e Fórmulas: Breve introdução às principais métricas e conceitos.

  2. Cálculo Prático: Demonstração passo a passo utilizando Python.

  3. Interpretação dos Resultados: Análise dos indicadores de desempenho do projeto.

Introdução à Técnica do Valor Agregado#

O Gerenciamento do Valor Agregado (Earned Value Management, EVM) ou Análise do Valor Agregado (Earned Value Analysis, EVA) é uma técnica de medição e controle de projetos baseado na medição física, financeira e de tempo que proporciona indicadores de avanço real, variações de desempenho e previsões para conclusão do projeto [KWJD03].

Foi desenvolvido pelo departamento de defesa dos Estados Unidos e é indicada pelo Project Managemetn Institute (PMI). Para Fleming and Koppelman [FK16], esta técnica é uma evolução desenvolvida a partir dos esforços iniciais com PERT (1962-1965, Program Evaluation and Review Technique) e CSPCS (1967-1996, Cost Schedule Planning and Control Specification) cujos principais avanços estão relacionados à integração de planejamento, controle e definição de escopos de projetos em uma única ferramenta.

O Project Management Institute (PMI) [Les06] classifica o EVM em duas categorias:

  1. os parâmetros chave, que incluem:

  • o Valor Planejado (VP),que representa uma estimativa inicial para o trabalho planejado

  • o Valor Agregado (VA), que representa a quantidade de trabalho que foi realmente realizado até à data de medição, expressa em termos de orçamento inicial para esse trabalho

  • o Custo Real (CR), que representa o verdadeiro custo do trabalho realizado até o momento de medição

  1. Indicadores de Desempenho que incluem:

  • A Variação de Prazo (VPr), que é calculada como VPr = VA – VP e representa o quanto o projeto está à frente (VPr > 0) ou atrás (VPr < 0) da programação

  • A Variação de Custo (VC) é calculada como VC = VA – CR e representa o quanto o projeto está abaixo (VC > 0) ou acima do orçamento (VC < 0)

  • O Índice de desempenho de prazos (IDP = VA / VP) representa o ritmo de produção, ou seja, a taxa de conversão de custo planejado em valor agregado. Ele fornece a mesma informação que VPr, mas agora em termos relativos

  • O Índice de Desempenho de Custos (IDC = VA / CR) representa o quão eficientemente os recursos estão sendo usados em termos de taxa de conversão de CR em VA.

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A aplicação da Gerenciamento de Valor Agregado envolve:

  1. Definir a Estrutura Analítica do Projeto (EAP) e o cronograma

  2. Atribuir Valores Planejados (VP)

  3. Atribuir Valores Reais (VR)

  4. Atribuir Custos Reais (CR)

  5. Medir e calcular os Indicadores de Desempenho: A Variação de Prazo (VPr) A Variação de Custo (VC) O Índice de desempenho de prazos (IDP = VA / VP) O Índice de Desempenho de Custos (IDC = VA / CR)

  6. Monitorar e analisar os Resultados

  7. Identificar desvios e aplicar ações corretivas

VP, VR e CR podem ser monitorados tanto de período a período (geralmente semana ou mês) como de maneira cumulativa

No PMBOK, a reserva de contingência é usada para riscos identificados e está no orçamento do projeto, enquanto a reserva gerencial cobre riscos não identificados. Ambas se correlacionam com as Técnicas de Análise de Valor (TVA), como o Valor Agregado (Earned Value), ao oferecer suporte financeiro para corrigir desvios detectados por indicadores como o IDC e o EPC. A TVA identifica problemas de desempenho, e as reservas garantem a sustentabilidade do valor, permitindo ajustes estratégicos e maior previsibilidade no gerenciamento de projetos.

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Análise e interpretação da Técnica (Gerenciamento) de Valor Agregado (GVA)#

O Gerenciamento de Valor Agregado (GVA) é uma técnica que integra escopo, cronograma e custo para avaliar o desempenho e o progresso de um projeto. Ele permite medir a saúde financeira e o andamento de uma obra, identificando possíveis desvios para que ações corretivas sejam aplicadas.


1. Definir a Estrutura Analítica do Projeto (EAP) e o Cronograma#

  • A EAP é uma decomposição hierárquica do trabalho do projeto. Serve para estruturar as atividades em partes menores, facilitando o planejamento, controle e monitoramento.

  • O cronograma organiza o tempo necessário para cada atividade.


2. Atribuir Valores Planejados (VP)#

  • Valor Planejado (VP) representa o custo orçado para executar o trabalho planejado até o momento atual.

  • Exemplo de interpretação:

Período

VP (R$)

Descrição

Semana 1

50.000

Custo planejado para a execução inicial

Semana 2

100.000

Planejado para atingir 50% da execução total


3. Atribuir Valores Reais (VR)#

  • Valor Real (VR) é o custo orçado para o trabalho que foi efetivamente concluído.

  • Exemplo de interpretação:

Período

VR (R$)

Descrição

Semana 1

45.000

Execução real ficou abaixo do planejado

Semana 2

110.000

Execução acima do planejado


4. Atribuir Custos Reais (CR)#

  • Custo Real (CR) é o valor gasto efetivamente no período.

  • Exemplo de interpretação:

Período

CR (R$)

Descrição

Semana 1

40.000

Gasto real inferior ao planejado

Semana 2

120.000

Custo superior ao esperado


5. Medir e Calcular Indicadores de Desempenho#

a) Variação de Prazo (VPr)#

  • Fórmula: VPr = VR - VP

  • Interpretação:

    • VPr > 0: Trabalho está adiantado.

    • VPr < 0: Trabalho está atrasado.

Período

VR (R$)

VP (R$)

VPr (R$)

Situação

Semana 1

45.000

50.000

-5.000

Atrasado

Semana 2

110.000

100.000

+10.000

Adiantado


b) Variação de Custo (VC)#

  • Fórmula: VC = VR - CR

  • Interpretação:

    • VC > 0: O projeto está abaixo do custo esperado.

    • VC < 0: O projeto está acima do custo esperado.

Período

VR (R$)

CR (R$)

VC (R$)

Situação

Semana 1

45.000

40.000

+5.000

Abaixo do custo

Semana 2

110.000

120.000

-10.000

Acima do custo


c) Índice de Desempenho de Prazos (IDP)#

  • Fórmula: IDP = VR / VP

  • Interpretação:

    • IDP > 1: O projeto está adiantado.

    • IDP < 1: O projeto está atrasado.

    • IDP = 1: O projeto está no prazo.

Período

VR (R$)

VP (R$)

IDP

Situação

Semana 1

45.000

50.000

0,90

Atrasado

Semana 2

110.000

100.000

1,10

Adiantado


d) Índice de Desempenho de Custos (IDC)#

  • Fórmula: IDC = VR / CR

  • Interpretação:

    • IDC > 1: O projeto está dentro do orçamento.

    • IDC < 1: O projeto está acima do orçamento.

    • IDC = 1: O projeto está dentro do orçamento previsto.

Período

VR (R$)

CR (R$)

IDC

Situação

Semana 1

45.000

40.000

1,12

Dentro do orçamento

Semana 2

110.000

120.000

0,92

Acima do orçamento


6. Monitorar e Analisar os Resultados#

  • Comparar periodicamente os indicadores VPr, VC, IDP e IDC para avaliar o progresso.


7. Identificar Desvios e Aplicar Ações Corretivas#

  • Ações corretivas são definidas com base nos desvios observados nos indicadores.

Exemplo:

  • Se o IDP está abaixo de 1 (atraso), pode ser necessário:

    • Reprogramar atividades.

    • Aumentar recursos alocados.

  • Se o IDC está abaixo de 1 (custo alto), pode ser necessário:

    • Reduzir desperdício.

    • Negociar novos contratos.


Monitoramento Periódico e Cumulativo#

Os valores VP, VR e CR podem ser monitorados:

  • Período a período (ex.: semanalmente) para identificar mudanças rápidas.

  • Cumulativamente, para avaliar o progresso total do projeto.

Período

VP Acumulado (R$)

VR Acumulado (R$)

CR Acumulado (R$)

Semana 1

50.000

45.000

40.000

Semana 2

150.000

155.000

160.000


Conclusão#

O Gerenciamento de Valor Agregado fornece uma visão integrada sobre o desempenho de prazo e custo, permitindo gerenciar a obra de forma mais eficiente e assertiva.

Principais desafios:

  • Falta de dados precisos

  • Imprevistos e mudanças no escopo do projeto

  • Falta de apoio e participação da equipe

  • Dificuldade de integração com outras técnicas e indicadores